Oferecido por

Por Jornal Nacional


Voto dos negros é importante para a vitória do candidato do partido democrata

Voto dos negros é importante para a vitória do candidato do partido democrata

Convencer eleitores negros a votar é fundamental para Joe Biden. Os cidadãos negros representam mais de 13% da população americana e, tradicionalmente, votam em candidatos democratas.

A imagem de um homem negro imobilizado por um policial branco até morrer mobilizou milhões de pessoas nos Estados Unidos em um ano eleitoral. Kenneth não fez questão de votar quatro anos atrás, mas desta vez votou antecipadamente e ainda levou os pais: "Não dá para manter um presidente que não quer igualdade para todos", disse o estudante.

A ativista Tequila Johnson disse que teme que o filho seja morto pela polícia: “Os negros sempre tiveram que conviver com uma pandemia, a pandemia de racismo e supremacia branca”.

Kenneth e Tequila não estão sozinhos. No Tennessee, os protestos contra o racismo impulsionaram um recorde no voto antecipado. O número de eleitores no primeiro dia em que as urnas abriram praticamente dobrou comparado com 2016. Em todo o país, os eleitores negros representam apenas 13% do total. Mesmo assim, a comunidade negra faz diferença quando vota e também quando não vota.

Quando os negros bateram recorde de comparecimento, em 2012, garantiram a reeleição de Barack Obama. Quando tiveram a menor participação em 20 anos, em 2016, a ausência contribuiu para derrota de Hillary Clinton. O voto negro é, quase sempre, no Partido Democrata. Desde 1968, nenhum candidato republicano conseguiu mais que 13% desse eleitorado.

Ted Johnson dirige um instituto que estuda políticas públicas ligado à Universidade de Nova York. Ele explicou que, na verdade, um em cada quatro afro-americanos se considera conservador, e se identifica com plataformas do Partido Republicano, seja porque é religioso, ou por querer menos intervenção do governo, ou por querer pagar menos impostos. "Mesmo assim, negros conservadores acabam votando no Partido Democrata porque o que mais importa para eles é: os meus direitos civis estão protegidos?"

Por causa disso, o Partido Republicano, já há muitos anos, adotou outra tática: dificultar o voto e desestimular o eleitor. Uma investigação do canal britânico Channel 4 mostrou que a campanha de Donald Trump em 2016 usou as redes sociais para convencer 3,5 milhões de negros a não votar. “Eles não compareceram, e isso foi muito importante”, agradeceu Trump.

Mas, em 2020, talvez o presidente não possa contar com essa ajudinha.

Assim que Kamala Harris foi apresentada como vice na chapa do democrata Joe Biden, centenas, milhares de doações de US$ 19,08 começaram a aparecer na conta do partido. Dias depois, já havia mais de US$ 300 mil. As doações vinham das sócias da Alpha Kappa Alpha, a irmandade mais antiga dos Estados Unidos, criada por universitárias negras em 1908.

Glenda Glover é a presidente. Ela lidera mais de 300 mil mulheres em todo o país. E, entre elas, há 35 anos, está Kamala Harris. “Este é um momento de muito orgulho para as mulheres negras e para os Estados Unidos em geral. Ter Harris na chapa quer dizer que o movimento dos direitos civis não foi em vão", disse.

Mas Ted Johnson, o especialista em políticas públicas, fez um alerta: “Sem dúvida, vamos ver mais tentativas de reprimir o voto da comunidade negra”.

Chris Smith sabe muito bem disso, e decidiu girar os Estados Unidos num ônibus, distribuindo lanches, água e proteção contra a Covid-19 para os eleitores. "Só queremos ter certeza de que as pessoas vão enfrentar a fila e que estão confortáveis para votar”, disse Chris.

Agora, resta saber se quem fez fila para protestar vai fazer o mesmo para votar.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!