Por Deutsche Welle


Míssil é lançando por tropas ucranianas perto de Luhansk, na região de Donbass, no início de abril — Foto: Anatolii Stepanov/AFP

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou em pronunciamento por vídeo que a região do Donbass, foco de ofensivas recentes da Rússia, virou um "inferno" e acusou Moscou de estar cometendo genocídio do povo ucraniano.

Após fracassarem em tomar a capital, Kiev, as tropas russas têm concentrado seus ataques no sul e leste da Ucrânia, devastando cidades e vilarejos e usado artilharia e blindados em massa a fim de capturar mais territórios no Donbass. A região é composta pelas áreas de Donetsk e Luhansk, que Moscou reivindica em nome dos separatistas.

"No Donbass, os invasores estão tentando aumentar a pressão. Está um inferno lá, e não é exagero", afirmou Zelensky em sua mensagem de vídeo noturna na quinta-feira (19). "O Donbass está completamente destruído. Tudo isso não tem e não pode ter qualquer explicação militar para a Rússia."

Segundo o líder ucraniano, trata-se, na verdade, de uma "tentativa criminosa e deliberada de matar o maior número possível de ucranianos; de destruir o maior número possível de casas, instalações sociais e empreendimentos".

"Isso é o que será qualificado como o genocídio do povo ucraniano e pelo qual os ocupantes serão definitivamente levados à Justiça", completou, após listar uma série de ataques e bombardeios das tropas russas, que já deixaram "muitos" mortos.

'Não sei quanto tempo podemos durar'

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O Ministério da Defesa ucraniano afirmou na quinta-feira (19) que as forças russas estão impedindo que os civis no Donbass se refugiem para áreas controladas pela Ucrânia.

Na cidade de Severodonetsk, situada na área de Luhansk, 12 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas após bombardeios russos, afirmaram autoridades locais. Segundo Zelenski, tratou-se de um ataque "brutal e absolutamente inútil".

Severodonetsk e sua cidade irmã Lysychansk compõem o último bolsão de resistência ucraniana na menor das duas regiões que compõem a zona de guerra do Donbass.

As forças russas cercaram as duas cidades – que são divididas por um rio – e as bombardeiam na tentativa de desgastar a resistência e privar os moradores de suprimentos. Habitantes que ainda permanecem ali têm medo de dar mais que alguns passos para fora de casa, segundo relatos a agências de notícias.

"Não sei quanto tempo podemos durar", afirmou Nella Kashkina, 65, à agência France Presse. "Não temos mais remédios, e muitos doentes – mulheres doentes – precisam de remédios. Simplesmente não há mais remédios."

Ajuda do Ocidente

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (ao centro), com comitiva do governo dos Estados Unidos que visitou Kiev, em 14 de maio de 2022 — Foto: via Reuters

Aliados da Ucrânia, liderados pelos Estados Unidos e a União Europeia (UE), já deram bilhões de dólares em assistência a Kiev – incluindo equipamentos militares – desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.

Na quinta-feira (19), o Congresso americano aprovou um enorme pacote de US$ 40 bilhões em ajuda militar e humanitária à Ucrânia. Desse valor, US $ 6 bilhões devem ser destinados ao aprimoramento do inventário de veículos blindados e do sistema de defesa aérea de Kiev.

O pacote precisa ser assinado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para que entre em vigor, o que deve ser feito durante a atual viagem do democrata à Ásia, segundo informou a Casa Branca.

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